PÓS-VERDADE
(A nova guerra contra os fatos em tempos de Fake News)

O livro do  jornalista britânico Matthew D’Ancona é uma leitura obrigatória nesse tempo que vivemos de uma verdadeira avalanche de notícias falsas. D’Ancona destaca que cabe aos jornalistas responsáveis a grande tarefa não só de revelar a complexidade, mas sobretudo de desmascarar a transgressão e regar as raízes da democracia, mas para isso cabe a nós profissionais da imprensa trabalhar com aquilo que possa inspirar a confiança, ou seja, a verdade. Não foi o que fez o jornalista do New York Times, Jason Blair que em 2003 falsificou 673 artigos, com isso coube ao jornal a publicar uma análise de 14 mil palavras sobre a má conduta desse profissional. Lamentavelmente temos aqueles que muitas vezes, utilizando seu prestígio acabam patrocinando campanhas de desinformação, como que preparando o terreno para a pós-verdade. Interessante a observação de D’Ancona sobre a figura de que a web pode representar, no sentido de se transformar numa espécie de trem desgovernado, pois ela tem sido utilizada como um terreno fértil para se plantar notícias falsas e que se propagam numa velocidade infinitamente superior ao Trem Bala. Uma pesquisa que foi realizada em 2016 mostrou que 75% dos entrevistados acreditavam em manchetes de notícias falsas. Nós, jornalistas, temos a responsabilidade de desmascarar notícias falsas, pois são elas que conspiram na desvalorização da verdade. A vacina contra o vírus da mentira é justamente a checagem de informações, antes de compartilha-las e difundi-las. Temos que intensificar a campanha de vacinação contra as notícias falsas. Se isso não for feito, praticamente teremos então um processo que se assemelha a uma infecção resistente, onde uma teoria da conspiração pode se defender de fatos incontestáveis, tal e qual um processo infeccioso resiste a um potente antibiótico. É preciso reconhecer que a mentira tem uma capacidade de se adaptar as circunstâncias como se fosse uma metástase. D’Ancona acentua muito bem, quando diz que aquele que propaga uma mentira de forma consciente, tem a sensação de ao mesmo tempo enganar o destino, assim como o seu próprio e do mundo. Nesse cenário, temos então a confirmação daquilo que Nietzsche sustentava no sentido de que a natureza humana era hostil a noção da verdade.
Este livro de Matthew D’Ancona serve como uma vacina em tempos de notícias falsas.




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