A ERA DA PÓS VERDADE

Na esteira das Fake News, eis que surge o livro de Ralph Keyes  que oferece uma narrativa histórica da mentira. Até mesmo Charles Darwin assegurava que nós humanos, não temos mais disposição inerente a dizer a verdade do que contar mentira. Aliás na própria história da ética o próprio valor da honestidade é pouco apreciado. Afinal, os humanos apreciam muito parecerem melhor do que o real, senão vejamos algumas situações. A prática de adornar currículos com dados muitas vezes imprecisos ou irreais. Quando de uma fotografia, instintivamente encolher a barriga. O escritor Keyes em seu livro coloca números que impressionam, como por exemplo o fato de meio milhão de americanos ocuparem postos de trabalho para os quais suas supostas qualificações sejam espúrias. E no Brasil, quantos seriam? Um outro fato que vez por outra está na mídia, diz respeito as credenciais médicas falsificadas. Também temos uma certa tendência em amplificar feitos atléticos, seja numa corrida de longa distancia ou ainda num jogo de tênis ou mesmo peteca. Nos Estados Unidos, por exemplo existe uma tal de gloria mentirosa que fica mais focada nos feitos militares. Por exemplo, cotas fraudulentas de veteranos seja das guerras da Coreia, Vietnã ou Iraque. Também proliferam mentirosos em algumas áreas como de vendas, jogadores de pôquer, atores e claro os políticos. O próprio Nietzsche pensava que uma capacidade de enganar os outros era a base para uma grande liderança. Keyes também aponta em seu livro que a enganação pode parecer necessária no sentido de causar uma boa impressão. Aliás, alguns estudos chegaram a revelar que quanto mais uma pessoa se preocupa com a opinião das outras, mais propensão essa pessoa tem quanto a mentir. Por tudo isso é que a compulsão por mentir passa a ser considerada um transtorno emocional que tanto pode revelar um narcisismo, personalidade histérica, personalidade antissocial, caráter psicopático, transtorno faccioso, mitomania e até a Síndrome de Munchausen para não ir mais longe. Mas falando agora da mídia que apresenta muitas vezes um apetite insaciável por manchetes sensacionalistas, numa espécie de facilitação primária da pós-verdade. Por fim, pesquisas comprovam que mentimos mais pelo telefone do que cara a cara. A mensagem de voz torna ainda mais fácil contar mentiras. Então, isso explica a grande explosão de mentiras via WhatsApp, enquanto que as pessoas online são capazes de mentir sobre tudo, pois afinal nenhum boato é ultrajante demais para a internet, enquanto que nenhum delírio paranoico ultrapassa os limites. Ingênuo daquele que recusa aceitar uma mentira, pensado tratar-se de uma verdade que esqueceu de acontecer!

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