ANALFABETOS FUNCIONAIS

As eleições estão se aproximando e pela primeira vez na história da República, temos uma disputa que não está pautada pelas ideias e propostas, mas sim pela raiva e ódio. O maior indicativo desses dois sentimentos é expresso pelos índices de rejeição dos candidatos. O interesse das pessoas está mais relacionado com os índices de rejeição das pesquisas do que propriamente de intenção de voto. Tanto assim, que nas eleições anteriores, ninguém ligava para os índices de rejeição dos candidatos, pois isso era matéria de consumo próprio para as próprias candidaturas. A rejeição se assemelha a uma doença infectocontagiosa, pega, bem por isso todos os candidatos estão apresentando índices absurdos de rejeição. São vários fatores que historicamente sempre contribuíram para um processo de rejeição à classe política. Primeiro a incapacidade do político em resguardar a sua imagem. Segundo, pelo abuso de um personalismo exacerbado, demonstrando incapacidade de conviver num ambiente de diferenças. Terceiro, por conta do tsunami de notícias falsas que pela velocidade com que são geradas, nem permitem desmentidos, respingando na imagem dos candidatos. Observamos um descuido muito grande dos candidatos quanto a sua própria imagem, gerando situações que acabam mexendo com o lado emocional do eleitor e produzindo reações colaterais extremamente danosas à imagem dos políticos. Quando o eleitor é contaminado por imagens negativas de um candidato, ele acaba tomado pelo desencanto da política e isso muitas vezes o leva ao desinteresse, o que no dia da eleição vai culminar com um voto de protesto. 

Acentuando ainda mais o tom emocional e raivoso do processo eleitoral, temos então os candidatos totalmente descuidados com suas próprias línguas. A língua apesar de morna e macia acaba sendo muito mais terrível do que as pontiagudas e frias lâminas do mais puro aço. O que temos então neste atual cenário é de um picadeiro de circo onde pela primeira vez ao invés de rir, os protagonistas fazem a platéia chorar de raiva. O pior de tudo isso é que quando chega a raiva a sabedoria parte!